A decisão de matricular o filho na Educação Infantil é movida por diferentes razões. Alguns precisam apenas de um lugar para deixá-lo, enquanto outros entendem que esse é o ambiente mais apropriado para os pequenos. Nos dois casos, os primeiros dias na creche costumam não ser fáceis. As mães (ou responsáveis) choram discretamente, se sentindo culpadas pela separação, e a criançada abre o berreiro ao ver os adultos saírem pela porta. Evitar cenas assim é possível quando os profissionais escolares programam uma boa adaptação para todos. Bebês e crianças pequenas se sentem à vontade quando a creche acolhe as famílias e os objetos pessoais de todos. "Como, na maioria das vezes, essa é a primeira vivência de meninos e meninas num espaço coletivo fora de casa, devemos fazer dessa experiência a grande e boa referência para as próximas relações", diz Beatriz Ferraz, diretora de projetos de formação continuada da Escola de Educadores, em São Paulo.
No Colégio Farroupilha, em Porto Alegre, a professora Edimari Rodrigues
Romeu tem grande preocupação com a adaptação. "Para amenizar o sofrimento
das famílias, é preciso mostrar que as crianças ficam bem na creche",
lembra. Com isso em mente, ela desenvolveu no início deste ano o projeto Um
Cantinho da Minha Casa na Escola com sua turma de berçário. O trabalho com os
pequenos, de até 1 ano e meio, durou dois meses e rendeu um diploma por ter
ficado entre os 50 melhores do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10 em 2007.
Durante a entrevista com as famílias, Edimari pediu fotos das crianças
com os parentes, os animais de estimação e os brinquedos preferidos. "É
importante que elas encontrem objetos pessoais na escola", justifica.
"Isso dá a sensação de extensão de casa na instituição." Com o
material, escolheu um canto, colocou um tapete colorido de EVA no chão e
espalhou almofadas e brinquedos devidamente identificados. Em paralelo,
confeccionou um painel com os retratos. Tirou cópias coloridas e as fixou em
cartolina branca com um adesivo transparente largo. Por fim, colocou o mural na
parede numa altura acessível ao grupo.
Álbum de fotos
As imagens originais foram para álbuns individuais. A professora cortou ao meio folhas coloridas de tamanho A4 e colou as fotos em cada pedaço. Depois, digitou as legendas no computador e imprimiu em papel branco. Nelas, o nome das pessoas e a situação ("Pedro com seus avós no parque", por exemplo). Para garantir mais durabilidade, envolveu as folhas com plástico adesivo transparente. Com o furador, fez dois orifícios em todas as páginas e as uniu com barbante. Na capa, escreveu "Eu e minha família". Como a intenção era deixá-los ao alcance da criançada, ela tomou o cuidado de não usar grampeador nem fio de náilon para não causar machucados.
Álbum de fotos
As imagens originais foram para álbuns individuais. A professora cortou ao meio folhas coloridas de tamanho A4 e colou as fotos em cada pedaço. Depois, digitou as legendas no computador e imprimiu em papel branco. Nelas, o nome das pessoas e a situação ("Pedro com seus avós no parque", por exemplo). Para garantir mais durabilidade, envolveu as folhas com plástico adesivo transparente. Com o furador, fez dois orifícios em todas as páginas e as uniu com barbante. Na capa, escreveu "Eu e minha família". Como a intenção era deixá-los ao alcance da criançada, ela tomou o cuidado de não usar grampeador nem fio de náilon para não causar machucados.
Todos os dias, alguém chegava com um brinquedo para juntar ao canto.
Edimari reunia a turma numa roda, fazia a chamada e mostrava o novo objeto.
"Eu contava quem havia trazido e estimulava o empréstimo, mas nem sempre
era atendida. Quem não queria compartilhar era respeitado", diz. Dessa
maneira, ficava entendido o que pertencia a quem. O mesmo aconteceu com a
inserção de fotos inéditas, com destaque para o nome e as peculiaridades de
cada família.
O tempo todo, os pequenos estão livres para explorar o espaço. "Em
alguns momentos, eles ficam um longo período olhando e observando seus parentes
e os dos colegas", conta. Mas nem todos se acalmam vendo a imagem da
família na parede. No princípio, era comum alguns chorarem de saudade. Quando
isso acontecia, a educadora os pegava no colo e conversava sobre o momento em
que se reencontrariam com os pais novamente. Um de seus argumentos era a
proximidade da hora de saída. Para os que não têm autonomia para se locomover,
como os bebês de colo e os que ainda não engatinham ou andam, a estratégia é
levá-los ao painel ou fixar as fotos no chão com plástico adesivo transparente.
Desde o início do ano, Edimari já refez o material algumas vezes por causa da
manipulação, mas isso não é problema. O que importa mesmo é o bem-estar da
turma.
Envolvimento de todos
O CEI Mina, na capital paulista, tem um projeto institucional de adaptação bastante elogiado. Assim que recebe a lista de interessados em fazer a matrícula, a diretora Rosangela Santos Barbosa marca uma entrevista com os pais ou os responsáveis. No dia combinado, ela aplica um questionário com perguntas sobre concepção, gestação, parto, relações afetivas, higiene, alimentação, sono e outros aspectos da vida da criança em casa. Sua intenção é reunir informações para que a equipe consiga fazer um atendimento personalizado. Depois, ela explica o planejamento pedagógico e apresenta todos os espaços e funcionários, dando ênfase aos lugares onde a criança vai ficar. O fim da conversa é um convite para que os adultos passem alguns dias na creche, acompanhando a rotina.
Envolvimento de todos
O CEI Mina, na capital paulista, tem um projeto institucional de adaptação bastante elogiado. Assim que recebe a lista de interessados em fazer a matrícula, a diretora Rosangela Santos Barbosa marca uma entrevista com os pais ou os responsáveis. No dia combinado, ela aplica um questionário com perguntas sobre concepção, gestação, parto, relações afetivas, higiene, alimentação, sono e outros aspectos da vida da criança em casa. Sua intenção é reunir informações para que a equipe consiga fazer um atendimento personalizado. Depois, ela explica o planejamento pedagógico e apresenta todos os espaços e funcionários, dando ênfase aos lugares onde a criança vai ficar. O fim da conversa é um convite para que os adultos passem alguns dias na creche, acompanhando a rotina.
Rosangela tem objetivos definidos. "Quero proporcionar
tranquilidade e fazer com que todos se sintam seguros acompanhando nosso
trabalho", explica. A medida tem um ganho adicional. Com a família dentro
da instituição, os professores aprendem mais rapidamente a melhor maneira de
cuidar do novo integrante da turma. "O ideal é que a primeira troca de
fraldas seja feita pela mãe com a observação do educador", defende a
consultora Beatriz.
Na CEI Mina, os adultos participam ainda de palestras e discussões
pedagógicas. "Sempre exibo um vídeo e leio sobre o tema adaptação antes de
iniciar uma reflexão", conta a diretora. Além do ambiente preparado com
mesa, cadeiras e videocassete, ela oferece um lanche. Nesse clima descontraído,
todos se sentem à vontade para compartilhar impressões e angústias. Com o
entrosamento no espaço escolar, Rosangela propõe uma oficina de sucata para a
confecção de um brinquedo. A produção dos pais é sempre colocada na sala da
creche. Outra iniciativa é integrar os participantes às atividades do
dia-a-dia. "O envolvimento é tão grande que as pessoas não se restringem a
dar atenção aos seus", narra.
Os especialistas recomendam ainda compartilhar um texto sobre o
desenvolvimento infantil e explicar o que acontece em cada época da infância,
principalmente na fase em que está o filho. A equipe e a família
A equipe pedagógica também merece uma adaptação. "A rotina da instituição se altera completamente com a chegada de cada novo integrante, seja no início do ano, seja agora", justifica Silvana Augusto, assessora para Educação Infantil e formadora de professores, de São Paulo. Nesse caso, coordenadores e diretores devem orientar professores e demais funcionários sobre como se comportar: por exemplo, explicar aos cozinheiros que, se acriança rejeitar a comida, não é um problema do trabalho dele.
A equipe pedagógica também merece uma adaptação. "A rotina da instituição se altera completamente com a chegada de cada novo integrante, seja no início do ano, seja agora", justifica Silvana Augusto, assessora para Educação Infantil e formadora de professores, de São Paulo. Nesse caso, coordenadores e diretores devem orientar professores e demais funcionários sobre como se comportar: por exemplo, explicar aos cozinheiros que, se acriança rejeitar a comida, não é um problema do trabalho dele.
A adaptação é um período de aprendizagem. Família, escola e crianças
descobrem sobre convívio, segurança, ritmos e exploração de novos ambientes, entre
tantas outras coisas. Para as famílias das crianças do CEI Mina, fica a clareza
de fazer parte da creche, pois a equipe considera o sentimento delas para
desenvolver o próprio trabalho. "Estamos prontos para receber os pais.
Eles são nossos parceiros!", diz Rosangela.
No Colégio Farroupilha, a professora gaúcha também alcançou seu
objetivo: as crianças rapidamente ficaram tranqüilas dentro do novo ambiente.
Para demonstrar isso aos pais ou responsáveis, fez fotos de diferentes
situações, como a brincadeira no tanque de areia, a hora do lanche, o abraço
apertado no brinquedo querido e os olhares felizes em direção ao mural.
"As crianças aprendem a ficar longe da família e, com isso, se apropriam
dos espaços da creche", avalia.
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