A dislexia é um problema complexo que tem suas raízes nos sistemas
cerebrais, associadas a perturbações e orientação, tempo, linguagem, escrita,
soletração, memória, percepção visual e auditiva, habilidades motoras e
sensoriais. A dislexia tem sido o distúrbio de maior incidência nas salas de
aula. Esse distúrbio é confundido com frequência com outros problemas de
adaptação escolar como os atrasos de desenvolvimento e a deficiência mental
ligeira, afinal, a criança disléxica tem dificuldades em compreender o que está
escrito e de escrever o que está pensando. Quando tenta expressar-se no papel,
o faz de maneira incorreta e o leitor não compreende as suas idéias. A leitura
se torna um grande esforço para ela, pois toda palavra que ela lê aparenta ser
nova e desconhecida. Para simplificar, pode-se dizer que a dislexia é causada
por alterações nas áreas do cérebro responsáveis pelos sons da linguagem e do
sistema que transforma o som em escrita.
Divide-se em auditiva e visual.
a) Auditiva
Dificuldades significativas para
discriminação de sons, letras e palavras compostas, falhas na memorização de
padrões de sons, entre outras.
b) Visual
Dificuldades em seguir e reter as
sequências, reversões e inversões de letras.
Nos indivíduos que não possuem
dislexia, a área esquerda do cérebro é a responsável pela percepção e pela
linguagem, subdividida em três partes: uma que processa fonemas, outra que
analisa as palavras e a última que reconhece as palavras. As crianças
disléxicas possuem falhas nas conexões cerebrais. Elas podem contar apenas com
a região do cérebro responsável por processar fonemas e sílabas, enquanto a
área responsável pela análise de palavras, não exerce a sua função. Suas
ligações cerebrais não incluem a área responsável pela identificação de
palavras e, portanto, a criança não consegue reconhecer palavras que já tenha
lido ou estudado.
Abaixo você pode ver algumas das
características mais encontradas por crianças que têm dislexia:
· Fraco desenvolvimento da atenção
· Falta de capacidade para brincar com outras crianças
· Atraso no desenvolvimento da fala e escrita
· Atraso no desenvolvimento visual
· Falta de coordenação motora
· Dificuldade em aprender rimas/canções
· Falta de interesse em livros impressos
· Dificuldade em acompanhar histórias
· Dificuldade com a memória imediata e a organização em geral
· A pronúncia ou a soletração de palavras monossilábicas é uma dificuldade
evidente
· Inversão de palavras de maneira parcial ou total
Exemplo: A palavra “casa” é lida como “saca”.
· Inversão das letras e números
Exemplo: “p” por “b”; “3 por “5”
· Alteração na ortografia em função de alterações no processo auditivo
· Cometem erros na separação das palavras
· Dificuldades em distinguir esquerda e direita
· Alteração na sequência das letras que formam as sílabas e palavras
· Dificuldades na matemática
· Pobreza de vocabulário
· Escassez de conhecimentos prévios (memória de longo prazo)
· Falhas na elaboração de orações complexas e na redação espontânea
· Copiam as palavras de forma errada mesmo observando na lousa como são
escritas.
Além disso, os disléxicos também
sofrem com a falta de rapidez ao ler. Sua leitura é sem ritmo e, muitas vezes e
com muito sacrifício, decodificam as palavras, mas não conseguem
compreendê-las.
As características colocadas acima
não são suficientes para se fechar um diagnóstico a respeito da dislexia,
afinal, existe outros distúrbios de aprendizagem que também possuem elementos
parecidos, no entanto, elas podem ser usadas como um ponto a partir do qual se
é levado a procurar a ajuda de profissionais especializados e buscar formas de
superação.
A dislexia é responsável por altos
índices de repetência e abandono escolar.
A ausência de conhecimentos dos
professores contribui para uma evasão escolar e o agravamento dos problemas
enfrentados pelas crianças. Essas são incompreendidas em seu fracasso e não
valorizadas em suas tentativas vãs para superar suas dificuldades,
desenvolvendo uma imagem negativa sobre si mesma.
A escola se torna um ambiente que
causa ansiedade e as exigências dos pais e professores acabam se revertendo em
comportamentos agressivos, inibições e outros.
As crianças disléxicas precisam olhar
e ouvir atentamente, prestar atenção aos movimentos da mão enquanto escrevem e
da boca quando falam para associar os fonemas aos seus sons e à sua escrita. É
recomendada a montagem de “manuais” de alfabetização apropriada para pessoas
com essas dificuldades. Além disso, o sucesso escolar de um disléxico está
baseado em uma terapia multisensorial (uso de todos os sentidos), sempre
combinando atividades que motivem o uso da visão, da audição e do tato para
ajudá-lo a ler e soletrar corretamente as palavras.
Abaixo estão colocadas algumas
atitudes que podem ajudar essas pessoas no processo de aprendizagem:
· Usar folhas quadriculadas para matemática.
· Usar letras com várias texturas.
· Usar máscara para leitura de texto.
· Evitar dizer que a criança é lenta, preguiçosa ou compará-la aos outros
alunos da classe.
· Não forçar a criança a ler em voz alta em classe a menos que demonstre
desejo em fazê-lo.
· Suas habilidades devem ser julgadas mais em suas respostas orais do que
nas escritas.
· Sempre que possível, a criança deve ser encorajada a repetir o que foi
lhe dito para fazer, isto inclui mensagens. Sua própria voz é de muita ajuda
para melhorar a memória.
· Revisões devem ser frequentes e importantes.
· Copiar do quadro é sempre um problema, tente evitar isso, ou dê-lhe mais
tempo para fazê-lo.
· Demonstre paciência, compreensão e amizade durante todo o tempo,
principalmente quando você estiver ensinando a alunos que possam ser
considerados disléxicos.
· Ensine-a quando for ler palavras longas, a separá-las com uma linha a
lápis.
· Dê-lhes menos dever de casa e avalie a necessidade e aproveitamento
desta tarefa.
· Não risque de vermelho seus erros ou coloque lembretes como “você
precisa estudar mais para melhorar”.
· Procure não dar suas notas em voz alta para toda classe, isso a humilha
e a faz infeliz.
· Não a force a modificar sua escrita, ela sempre acha sua letra horrível
e não gosta de vê-la no papel. A modulação da caligrafia é um processo longo.
· Use sempre uma linguagem clara e simples nas avaliações orais e
principalmente nas escritas.
· Uma língua estrangeira é muito difícil para elas, faça suas avaliações
sempre em termos de trabalhos e pesquisas.
· É frequente a associação das duas formas em diferentes combinações e
intensidades.
Na dislexia deve ser sempre observado
que as diferenças são pessoais, o diagnostico é clínico, o entendimento é
cientifico, e o tratamento é educacional. (International Dyslexia Society)
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