Qual a importância
de pisar no Chão? Parte 1 . Tive uma aluna há alguns anos atrás com sérios
problemas nós pés. Ela tinha dificuldades para andar, correr e pular. Andava
com dificuldades, não usava sapatos ou sandálias e só usava sapatilhas feitas
por encomenda e sentia constantemente dores nos pés. Fiquei intrigada com
aquela aluna, ela tinha várias dificuldades relacionada à motricidade, segurando lápis de uma
forma completamente estranha e que eu jamais vi até hoje outra pessoa fazendo. Procurei
conversar com a mãe e ela me contou que a filha nasceu completamente normal,
não teve nenhum problema na gravidez, não tinha nenhuma síndrome diagnosticada
e que os ortopedistas diziam que o problema da filha foi por que quando criança
ela jamais colocou o pé no chão.Fiquei tão perplexa, que perguntei como
assim???? A mãe me respondeu que o marido era muito rígido e que quando a filha
começou a engatinhar eles moravam numa casa sem piso e que o pai exigia que a
mãe colocasse meias na menina para que os pés não sujassem. E assim ela fazia,
ela comprava vários tipos de meias, para que nunca faltassem, quando a menina
começou a andar ela então comprou sapatilhas e sandálias e mesmo o pai não
estando em casa ela tinha medo dos vizinhos contarem, dele descobrir por isso a
menina estava sempre calçada. E assim a filha cresceu, mesmo depois da casa
reforma e toda no piso a menina não andava descalça e nem de chinelas eram
sempre de sandálias fechadas. O pai não deixava a menina brincar com outras
crianças, correr, subir em árvores e andar de bicicletas eram coisas que a
filha nunca tinha apreendido. perguntei por que o pai pensava e agia assim, a
mãe respondeu que era a única filha que ela havia tentado engravidar novamente,
mas não conseguia então o pai a protegia o máximo que podia. Ao conversar com a
mãe nunca senti que ela reprovava o marido, contava que a filha fazia
tratamento e fisioterapia e que os médicos estavam ensinando ela a andar novamente.
Certa vez ela( a aluna) chegou a aula eufórica, quis saber porque e ela me
contou que estava muito feliz porque tinha brincado em um lugar cheio de areia,
que os pés estavam doendo mas ela queria voltar.Quando a conheci ela tinha dez
anos, uma menina alegre, sempre sorrindo mas com sérios problemas de
relacionamento. Não dividia seu material escolar ou lanche, não usava nada dos
amigos e nem gostava de ser questionada. Era muito dependente e estava sempre a
espera da mãe para lhe auxiliar. Quando esquecia um livro dizia: Ai droga mamãe
não botou meu livro. Quando a mãe chegava à escola a primeira coisa que ela
fazia era pegar a mochila da filha e colocava sobre os ombros. Hoje ela tem
vinte anos. Vive com os pais, terminou o ensino médio, já usa chinelos, mas
continua em tratamento fisioterapêutico. Durante o ano que este aluna esteve em
minha classe muitas coisas chamaram minha atenção. Hoje concluo a quão
importância dos estímulos psicomotores desde nascimento até a morte do
indivíduo. Durante toda nossa vida precisamos ser constantemente estimulados. O
simples ato de andar descalço é estimulo para nosso corpo. Andar sobre os mais
variados tipos de solos, regulares e irregulares, correr, saltar, cair,
levantar é estímulos que colaboram para a formação do equilíbrio, da
resistência motora, para o crescimento, desenvolvimento das relações interpessoais,
afetividade como também para o cognitivo. Existe neste relato tantas coisas que
poderíamos analisar, mas vamos deixar para uma segunda parte só gostaria de
ressaltar da importância dos estudos sócio-interacionistas( teoria que se
baseia na relação entre o indivíduo e o meio onde vive) que nos mostram que o
crescimento,desenvolvimento e aprendizagem humana está interligados as
condições sociocultural em que o individuo está inserido. Estarei trazendo nas
próximas semanas algumas sugestões na página psicopedagogiando de atividades e
brincadeiras simples não somente para escolas para a criançada no dia-a-dia e
comentando sua importância para o desenvolvimento saudável tanto motor quanto
cognitivo.
Fonte:
facebook.com.br/psicopedagogiando
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